segunda-feira, 4 de agosto de 2014

VOTAR EM BRASÍLIA É FÁCIL

Ao menos nesta eleição, o eleitor de Brasília tem a faca e o queijo na mão.
O próprio cardápio da eleição majoritária em si é absolutamente pedagógico.
Nem precisaria o TRE gastar o dinheiro público em publicidade alegadamente para “orientar” o eleitor. Afinal, é uma orientação que parece os eleitores como burros e ignorantes. Fica praticamente na explicação dos documentos que deve levar para votar e de como apertar os dedinhos na urna eletrônica.
As chapas majoritárias disponíveis em Brasília, não. Essas politizam os eleitores, fazem que votem segundo as suas próprias consciências. E quase sem precisar de tempo para conhecer candidatos, partidos e coligações.
VANTAGEM EM TUDO
Toda eleição no Brasil tem um grupo grande de eleitores do time que vê a vida pela lente de “levar vantagem em tudo”. A gente fica imaginando que não teriam coragem de confessar o nome de seus candidatos aos filhos, parentes, amigos, colegas de trabalho ou até frequentadores da mesma igreja. Não é bem assim. São ousados! Uns se escondem atrás do falso argumento de que “todo político é igual”, máxima diuturnamente martelada pela grande mídia justamente para justificar a opção pelo voto na direita. Outros, nem isso, assumem os seus nomes de preferência com desfaçatez: “rouba, mas faz”. Nem sequer se dão ao trabalho de verificar se alguma coisa realmente foi feita. E vão adesivando seus carros, exibindo fotos inqualificáveis com a maior tranquilidade.
A folha corrida dos membros da coligação do coração (coração?!) dessa gente não deixa qualquer espaço para dúvidas. Na eleição deste ano em Brasília, juntaram-se todos caprichosamente do mesmo lado.
Disputando a reeleição ao Senado, a que chegou com a renúncia de Joaquim Roriz, Gim. Nem era de seu desejo expor-se ao julgamento popular. Queria mesmo uma vaga vitalícia no Tribunal de Contas da União, mas viu seu sonho se esfarelar ao viver a circunstância ridícula de ver a indicação de seu nome rejeitado pelos demais senadores após pesadas acusações, inclusive dos servidores do próprio órgão.
Ainda não se sabe se o candidato a governador, Arruda, chorará de novo, jurando por seus filhos, como fez após protagonizar a fraude do painel do Senado, depois confessando o delito e renunciando ao cargo. Ou preferirá colocar no seu programa de TV as imagens em que enche as mãos com dinheiro vivo, jurando aos seus eleitores que são cenas “editadas”! E encontrando um culpado pela humilhação vivida ao ser preso pelo crime pelo qual, por sinal está condenado.
É mesmo necessário falar dos acompanhantes? Fraga, expressão minúscula, também colocou o nome. Roriz se faz representar por suas filhas, uma delas no mesmo processo de Arruda. Luiz Estêvão, ainda impossibilitado de sequer pleitear uma eleição, coordena tudo.
Olhe bem em torno pra ver se realmente não há um eleitor dessa turma perto de você. Segundo levantamento do Instituto O&P, mais de um em cada cinco brasilienses (22,9%) assumem, ao menos secretamente, que vão votar nessa gente. Diz o Ibope que o risco é maior: onde houver três moradores do Distrito Federal, um pode ser eleitor deles!
Deus ajude, como eu acredito, que eles tenham esbarrado no teto.

Nas duas primeiras votos, a Orla de Rollemberg
A seguir a Orla de Agnelo



OPÇÕES MARCADAMENTE DISTINTAS
Não considerando os concorrentes menos apontados nas sondagens de opinião pública, as duas propostas de chapas majoritárias alternativas também parecem ter tornado fácil a escolha pelos eleitores.
Uma oferece o nome de Geraldo Magela para o Senado e o do governador Agnelo Queiroz (acompanhado de Filipelli) para a reeleição.
Magela praticamente dispensa apresentação como pretendente a um cargo legislativo. Foi do primeiro time de deputados distritais, aquele que elaborou a Lei Orgânica do Distrito Federal. Repetiu o mandato uma vez, foi líder do governo de Cristóvam Buarque e chegou a presidir a Câmara Legislativa. Depois de um mandato como deputado federal , disputou o governo contra Joaquim Roriz (2002), após o que teve mais dois mandatos na Câmara Federal. Tanto quando deputado distrital como no atual governo, assumiu a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano.
Agnelo concorre à reeleição ao governo podendo ostentar um amplo cartel de realizações: além da implantação do veículo sobre pneus (Expresso Sul) nos trechos de Santa Maria e Gama até o Plano Piloto e da entrega do Estádio Mané Garrincha, pode arrolar, para citar só alguns casos, a contratação de mais de 4 mil professores efetivos e 6,5 mil temporários; mais de quatro mil médicos, entre outros profissionais de saúde; a construção de 6 UPAs; 8 vilas olímpicas; a implantação de tempo integral em 284 escolas; 27 creches, a entrega de 100 mil moradias até o final do ano; a explosão de um cartel que se impunha no transporte coletivo de Brasília há 50 anos e a entrega (por inédita licitação) de 2.364 ônibus novos; e a reforma do asfalto de praticamente 50% das vias do DF. Além disso, atingiu a erradicação do analfabetismo e da pobreza extrema.
E do outro lado?
A alternativa de coligação aparentemente mais competitiva até o momento tem ao menos uma circunstância estranha. O candidato ao Senado, portanto para o Legislativo, é Reguffe. Deputado distrital em uma legislatura e federal em outra, não há projetos que tenham marcado sua passagem pelas duas casas. Seus maiores trunfos: o de ter admirável comparecimento às sessões poderia levar a que tivesse ação legislativa mais intensa; o de gastar menos no gabinete que os demais deputados talvez tenha atrapalhado isso, pois pode ter contado com carência de assessoramento.

Estacionamento na Orla de Rollemberg
 Uma mostra da frequência na Orla de Agnelo

Rodrigo Rollemberg, candidato a cargo executivo, é mais conhecido como parlamentar, em duas passagens pela Câmara Legislativa e quatro anos de mandato de senador. Como executivo, sabe-se de quando ocupou a Secretaria Nacional de Inclusão Social (Ministério da Ciência e Tecnologia) e o período em que se licenciou do mandato de deputado distrital e foi secretário de Turismo no governo de Cristóvam Buarque.  Do período, dá pra lembrar da implantação do chamado Projeto Orla, localizado à beira do Lago Paranoá, atrás da Concha Acústica, nas proximidades do Palácio da Alvorada. Uma passada por lá evidencia que aparentemente não chegou a ser concluído e não se firmou como opção d lazer dos brasilienses. Chega a ser aberrante a comparação com a área de lazer implantada pelo governo Agnelo no final da Asa Norte, em que as opções de esportes náuticos, o parque infantil e a passarela à beira do lago regurgitam de visitantes nos fins de semana, mas também recebem bom público nos dias úteis.
A ver!
Fernando Tolentino

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